Ele bebeu tanto que mal conseguia falar, fiquei uns 5 minutos observando e o melhor que ele foi capaz de fazer foi balançar a cabeça pra cima e pra baixo, em seu colo, ainda meio sujo… todo vomitado.
As outras pessoas que estavam lá iam e viam. Uma rua cheia de pessoas e ele, ainda sim, completamente ignorado. Alguns davam atenção, até demais, diga-se de passagem. Vídeos e fotos, cliques para serem compartilhados no feici kkkkk.
É triste pensar que em um leque tão grande de sentimentos gerados pelo coração, deboche e maldade seria o resultado. O riso os unia. “É só mais uma noite em São Paulo”, eu ouvi. Chegava a ser deprimente, os espectadores estavam em um estado muito pior que o assistido.
O álcool no sangue passa, porém o caráter defeituoso não.
Quando eu fui ajuda-lo, as pessoas que estavam com câmeras ficaram com raiva. “Ele está assim porque quis!”. E me empurraram. Pouco tempo depois os táxis chegaram e eles foram embora, já que o bobo da corte findou seu show.
Encostei-me em um poste enquanto acendia um cigarro e fiquei refletindo sobre o acontecido. Acho que a bondade se tornou parecida com esse cigarro. Conforme o tempo passa, mais e mais ela se torna cinzas. Será que eu realmente sou desse planeta?
Não me juntei a comunhão de desgraça e vergonha pública. Um mero ritual de humilhação de um indivíduo sem esperança. Que pena! Humilhação pública gratuita é uma grande maneira das pessoas ficarem unidas; eu deveria ter dividido o momento com completos estranhos, né?
Não…
Esses momentos permitem a pessoas vazias se perderem em suas depravações morais compartilhadas, seus corações já embriagados demais em maldades, estão fracos demais para refletir sobre suas ações.
Acho que é uma dessas coisas, bem tipicamente da natureza humana, sabe esse tipo de coisa… que junta as pessoas.
É, eu queria ser um ET.
Programador, sonhando em ser escritor e falhando em ser humorista.